Cultura enquanto conceito tem sido maleável e moldável a variadas realidades. Não há forma de indicar apenas uma definição de cultura, pois depende do enquadramento e dos vários contextos de análise. É a Edward Tylor, antropólogo britânico, que se deve uma das primeiras definições (no âmbito antropológico) de cultura. Tylor falava num “complexo que compreendia o conhecimento, a arte, a moral, o direito, os costumes e outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade” (Tylor, 1871:1).
O ser humano, a partir das suas vivências e experiências de vida, vai estar sempre em constante mudança. É provável que os códigos culturais adquiridos numa idade mais jovem sofram mudanças ao longo do tempo, à medida que o ser humano se depara com outras realidades, derivadas da socialização. Cada cultura é dotada de diferentes estilos, que assumem diversas manifestações, quer sejam estas a língua, crenças, costumes ou artes, entre outros.
Fonte: Bol
A necessidade de afirmação dos indivíduos enquanto seres pertencentes a determinado grupo social pode provocar a reivindicação de culturas próprias. A questão social urgente neste domínio não é a libertação dos indivíduos das suas restrições sociais, mas sim restabelecer o “local” onde estes se reintegram. O direito à liberdade afeta praticamente todos os aspetos da vida de cada um, ganhando atualmente um peso maior como definição de uma condição social, na qual indivíduos, libertos de preconceitos relacionados com género ou educação, se reafirmam, num processo de personalização das suas caraterísticas, procurando integração em grupos com os quais se consiga identificar. A cultura é “desconstruída” na sua génese, naquilo que era conhecido, para ser reconstruída – com as caraterísticas da emancipação dos indivíduos.
A partir deste pressuposto, culturas derivadas do futebol, música, e estilos de vestuário são reivindicadas. A cultura do hip-hop, a cultura índie, os metal-heads, entre outros, “invadem” as ruas e as vidas dos indivíduos. Novas formas de comunicação são necessárias para interagir com estes. A era atual pode ser interpretada como um período de acentuada dissolução social e extremo individualismo. No entanto, as tentativas de recomposição social também são visíveis: os indivíduos que finalmente se conseguiram libertar das restrições sociais estabelecidas estão a formar um movimento inverso, de forma a recompor o universo social em que se inserem. Grupos múltiplos e efémeros surgem, na tentativa de criar (ou recriar) ligações sociais. Emoções, representações e experiências derivadas, muitas vezes incompreendidas, provocam a segmentação de indivíduos ou grupos sociais e a emergência do “tribalismo” . Este conceito de tribo cultural faz com que grupos heterogéneos de indivíduos, em termos de idade, género, entre outros, que estão ligados por paixões e/ou emoções partilhadas se possam integrar, comunicar e debater ideias entre estes.
Qual é então o poder das marcas nos atuais "padrões" da sociedade? E quais as suas implicações em termos culturais?
As marcas são um fenómeno omnipresente em qualquer setor nas sociedades atuais. Estão em todo o lado. Não apenas fisicamente, nos espaços comerciais, mas também virtualmente, em quaisquer locais onde é possível estarem. Tal omnipresença da marca reflete-se de variadas formas e no entendimento do que realmente pode ser uma marca. Muito mais do que a “oferta” em termos de produto ou serviço, atualmente, pode-se interpretar o conceito “marca” como algo mais abrangente, quer se trate de pessoas, locais, filmes, séries de TV ou mesmo eventos. A criação de valor de marca tem então um papel fundamental para tal. Para gerir uma marca de forma a esta gerar valor é fundamental ter um conhecimento profundo sobre as necessidades do público a impactar. Isto requer um investimento contínuo na pesquisa de novas soluções, novos “produtos” ou formas de promover, que possam ir de encontro à evolução dos gostos de cada um.
Fonte: Amplivisual
O conceito de valor de marca é algo abstrato. Uma marca tem valor no mercado apenas se tiver valor para o consumidor. Uma marca agrega todas as considerações negativas e positivas da experiência do consumidor com o produto/serviço e os fatores associados. Coca-Cola, Gillette e Colgate são exemplos de marcas que têm posições. David Ogilvy, um dos grandes publicitários da história mundial, aclamado como o “pai da publicidade” afirmava que “qualquer idiota pode criar um negócio, mas é preciso génio, fé e perseverança para criar uma marca” (Mendes, 2014:17).
O que se entende, tanto por marca como por branding, tem vindo a mudar e a evoluir ao longo dos anos. Atualmente, existe uma lógica conceptual que entende marcas como um conjunto de vários fatores para uma criação conjunta de valor.
Fontes:
Alves, B. (2019). Análise de Festivais de Música enquanto Espaços Culturais. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Disponível no repositório aberto da Universidade de Lisboa através do link: https://bit.ly/39QfbEz
Mendes, A. (2014). Branding: A Gestão da Marca (2.ªed.). Lisbon: Edições IADE.
Tylor, E. B. (1871). Primitive Culture: Researches into the Development of Mythology, Philosophy, Religion, Language, Art and Custom. London: J. Murray.
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